Duma, a Lenda

Tudo começou quando eu e a Lê voltávamos a pé da escola. Passando na frente do portão da casa que não existe mais, na esquina debaixo da nossa rua, você estava lá com mais alguns irmãos. Escolhi você rajado de cinza e preto, te peguei no colo e te trouxe para sua casa. Foi aí que tudo começou, te levei na vet, te dei banho, te alimentei, te vacinei, te castrei. Tivemos alguns contratempos, as vezes que você fugiu e que voltou, não imagino onde você ficou todos os dias que não esteve conosco.

Gostava de tomar sol detrás da janela e deitado no quintal da casa de trás. Adorava petiscos, ração molinha, ração seca; era um esfomeado com seu medo de ficar sem comida de novo.

O Salem, teu irmão, te acolheu e amava dormir em sua companhia, em qualquer lugar.

Vocês tinham vários brinquedos, mas gostavam mesmo era das caixas de papelão.

Me apaixonei por você, seu ronronar, sua companhia e seus presentes inusitados, como camundongos e baratas que sempre deixava na cadeira que eu costumava sentar e no meu travesseiro; eu reclamava, mas no fundo você sabia que eu gostava.

Na pandemia esqueci de fechar a janela do banheiro e você fugiu, saí nas ruas colando cartazes até que você voltou. E, mais uma vez você fugiu pela porta da cozinha entreaberta e nunca mais voltou. Fazem quatro anos que te procuro, não te esqueci e muitas saudades eu tenho de você.

Para mim, você é o filho que nunca mais tive notícias, te vejo em sonhos, paro o carro para olhar os gatos que encontro pelo caminho..

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Olá leitor

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Serão 365 dias de escrita!!

Gratidão