Na década de 40, a casa não existia, todo o bairro era composto por fazendas de café. Meu avô que trabalhava de pintor na estrada de ferro, com algumas economias, comprou um dos terrenos que fazia parte do loteamento dessas fazendas de café.
Meu avô construiu uma casa nesse terreno, saiu do aluguel e trouxe a família para morar nesta casa e constituiu sua família nenhum pouco "doriana".
Nesta família nascera quatro filhos, um deles era o meu pai, o filho mais velho que nascera "perfeito" até seus 9 anos de idade e a partir daí tudo mudou. Teve febre reumática, AVC e outros problemas cardíacos. Na vida adulta ficou em coma, enfarto do miocárdio, passou por duas cirurgias, viveu até seus 62 anos quando a morte chegou. Meu pai foi médico, comprou a casa dos seus pais. Nessa época, com muito suor, lágrima e solas de sapato furadas, já casado com minha mãe Curitibana, moraram de aluguel, até conseguir a casa dos meus avós, ela contava que a rua nem asfalto tinha. O que havia na rua era uma fábrica de bicicleta e de canos de água. Algum tempo depois, a prefeitura colocou cascalho e muito tempo depois, asfaltaram a rua da nossa casa.
Quando eu nasci, cresci, conhecia meus vizinhos, Dona Gertrudes era a senhora mais velha da rua, costureira dos soldados da época da Revolução de 32, sua vizinha Dona Rosa. Ao lado da casa delas tinha uma fábrica onde a algum tempo depois foi gravado o filme "Laranja Mecânica", meus vizinhos de brincadeiras de rua, eram três irmãos japoneses, Heitor, Sayuri e Helber. Na atualidade, conheço a Alice, a Silvia e os seguranças dos prédios vizinhos. A Vivian da loja de roupas da esquina da direita, o dentista que é meu amigo desde a infância, o irmão dele e a mãe que trabalham no Despachante mais antigo da região, o mercadinho chinês da rua de baixo.
Belas e tocantes memórias ...
Essa casa lembra as casas da rua onde eu nasci, na roça.