Naquela mesa, seis cadeiras, irregularmente distribuídas, de diferentes material, cor, forma, tamanho. Sobre ela talhares, copos e pratos igualmente desorganizados.
São camadas. Nossas camadas
Sentam-se em espaços e lugares, que melhor acomodam os corpos. Todos os olhares estão centrados em um único ponto. A cadeira de encosto azul (a cor mais rara na natureza), assento violeta, na cabeceira daquela mesa. Vazia.
Sorrisos, choros, gritos, gargalhadas, calam e falam.
Um caos total.
Naquela mesa, no centro um enorme caldeirão dourado, do qual exala um aroma de misturas de ervas, bolhas de vapor saem e explodem deixando na atmosfera um agradável frescor de fragrâncias indefinidas,
Mas o caos presente.
Transformações de sons, gestos, mãos, atos, ações. Um frio. Imediatamente uma onda de calor, na voz de cada ser. Chuva de saliva espalha-se no ar, pelo discurso de um ser mais afoito. Na mesma proporção que as mudanças climáticas, assolam a vastidão do Universo. A culpa? Processos naturais? A ação do homem? O tempo? A terra que sustenta e assusta?
Caos. Caos.
Todos aguardam a Ceia, que está dentro do caldeirão dourado, no centro daquela mesa. Será servida por aquele Bom Velhinho com vestimenta amarela, uma luz. Sentará naquele ponto fixo, na cadeira de encosto azul, assento violeta, na cabeceira daquela mesa. O Papai Noel, chega com doçura e gentileza distribuindo altruísmo. Sentimento que deve ser cravado em seus corações.
Silencio. Calam, sentam comportadamente, ajeitam as cadeiras, os pratos, os copos e talheres. Se olham um a um, como forma de respeito.
O Bom Velhinho, segura a concha em forma de ostra, recolhe os pratos e despeja vagarosamente sobre os olhares atentos e felizes, A Ceia, que recolhe dentro do caldeirão dourado: a compaixão, a empatia, a felicidade, a justiça, a verdade, a beleza, o humor, a sonoridade, a solidariedade, o carinho, o afeto, a admiração, a gratidão, a amizade, a paixão, a benevolência, a bondade, o acolhimento, a confiança, a cooperação, a generosidade.
Os pratos são servidos com toda essa mistura de ervas, nossos sentimentos. Retira de seu casaco amarelo, forro azul ultramarino, gola e punhos laranja, uma garrafa de onde escorre um liquido espesso, e em cada copo uma gota de encantamento pela vida, satisfação pelo relacionamento, simpatia por seu irmão, triunfo, orgulho pelos objetivos alcançados, o prazer a dois.
O gozo.
Degustam todos esses sentimentos e essas emoções, naquela mesa repleta de seres, para festejar o Natal, o novo ciclo da vida que virá. A nova era. Deixem seus corpos passar pelas mudanças climáticas interna.
Instala-se a paz, a calma, na camada que envolve o Planeta Terra.
O Bom Velhinho se satisfaz ao observar seres prontos para seguir viagem e circundar o Universo com o pólen das flores e pássaros que se tornaram, livres das amarras do ódio, raiva, incompreensão.
Das guerras que se trava entre corpos e povos desconhecidos e sofridos.
Agora, seres da face do planeta Terra, se não tem “a capacidade de amar”, és um Extraterrestre.
Stela Alves
04/12/2023
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