top of page
AD.png
Foto do escritorZaira em Conexões

Medos e Sonhos (Parte 3)

Cheguei esbaforida no trabalho, lá pelas 8 horas da manhã, totalmente atrasada. Fui vestindo o avental branco pelo caminho, definitivamente eu estava ferrada. Entrei, assinei o ponto e entrei na minha sala como de costume e recebi um recado da recepção do meu andar, o chefe te espera na sala dele para uma reunião.


Essa reunião era comigo e com meu amigo, que pela cara deve ter dormido mal assim como eu, era de se esperar.


O chefe com cara de poucos amigos começou dizendo que nosso trabalho era muito importante, que as nossas carreiras estavam em risco de exoneração. Naquele momento eu o interrompi: "não entendi, por que seríamos exonerados? Em todos aqueles anos de trabalho, nunca faltei, nunca cheguei atrasada, sempre cumpri com as minhas obrigações. Não estou entendendo onde quer chegar! Pode explicar?"


"Cara colega eu sou chefe a mais de trinta anos, sinceramente você devia ter ciência de que não pode ter relacionamentos com colegas neste ambiente de trabalho".


Caí na gargalhada, me levantei, olhei em seus olhos dizendo, "estou saindo, esta reunião não é para mim".


Expediente terminado fui para casa no caminho habitual, eu e meu amigo não trocamos nenhuma palavra.


Deitei, dormi e de novo estava naquela "bendita" floresta onde tudo se repetia mais uma consecutiva noite. Nem preciso contar o que aconteceu até o momento que me recusei a atirar naqueles animais inocentes. "O que você fez, aliás, não fez! Te trouxe aqui e na confusão de pensamentos, ele disse que os cervos eram os meus amigos, para isso que eu fui até ali, para salvá-los. Como foi burro e blá, blá, blá. Joguei ele no chão e dei um soco no meio da fuça.


Quem é você eu perguntei, você sabe quem sou eu? Todos os dias eu trabalho no mesmo lugar que você, e lá foi toda a ladainha ladeira à baixo. Ele me olhava como se eu fosse uma louca. Eu mandei ele se levantar e me seguir, mesmo muito à contragosto ele se levantou e me acompanhou parecendo um cão raivoso.


Fomos caminhando para além daquele momento que encontramos os cervos, até mesmo porque eu estava curiosa para saber como era aquele lugar para frente dali. Paramos para observar, desarmei ele, tirei suas facas, espingardas e flechas. Não ia usar mais nada e ponto final.


Ficamos ali parados por alguns minutos até que ele começou a sentir cheiro de sangue e aquele gosto metálico na boca. Disse que não estava entendendo como aquilo estava acontecendo porque não tinha matado o cervo. Eu mostrei para ele duas pessoas acariciando os animais, um homem e um menino. Ele olhou e comentou que não os conhecia, mas ele sabia quem eram aquelas pessoas porque eu já tinha visto em uma das fotos que ele levara no bolso para me mostrar.


Seus olhos lacrimejaram, ele estava quase desistindo quando eu peguei em sua mão e caminhamos até ali, olhou para o seu pai e se tornou o menino criança, abraçaram-se lentamente e demoradamente, até que meu despertador tocou.



Posts Relacionados

Ver tudo

Kommentare


bottom of page