Um Visitante de Outra Galáxia

— Por que a gente não tem árvore de Natal? — insistiu a criança.

— Porque seu pai é ateu — disse a mãe católica.

No dia de Natal, a mulher decidiu arrumar a casa com o que guardara. A pequena árvore, na sala. A ceia, caprichada: peru assado recheado com farofa de ameixas secas, frutas, arroz com passas e rabanadas. Lembravam sua infância. O marido chegou em casa. Silenciou ante a mesa perfeita.

A campainha tocou. Ela abriu a porta, um homem lhe sorriu.Tinha cabelos e longa barba brancos, vestia a roupa vermelha com um saco às costas. O filhou correu para abraçar o visitante, logo sentando no seu colo. Fez um monte de perguntas ao Papai Noel. O velho homem perguntou se havia sido um bom menino.

O marido olhava a cena, mudo. A visita foi breve. O filho foi dormir, radiante. A mulher inspirou coragem e disse ao marido o quanto estava feliz pelo que ele havia feito.

— Não sei do que você está falando, mulher! — respondeu-lhe o marido, surpreso.

— Obrigada por ter pedido a seu colega para vir vestido de Papai Noel — disse a mulher.

— Eu não pedi nada, achei que VOCÊ tinha planejado! – o homem frisou. Ambos ouviram um barulho externo. Correram para a porta. Ofuscados e surpresos, acompanharam a luz intensa que se dispersava pela neve despencando do céu, mesmo naquele lugar tropical sem neve nem no inverno. Numa espaçonave, o extraterrestre vestido de Papai lhes acenava.

Nessa noite especial, a criança, a mulher e o homem descrente viveram, cada um, seu milagre.

Gattorno Giaquinto